segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrevista a Carl Honoré (Revista Sábado)

Li uma entrevista com este jornalista, filósofo e voz do movimento Slow (autor do livro "Sob Pressão - Salvar as nossas crianças da Cultura da Hiper-paternidade" - tenho que comprar), e fiquei a questionar certas atitudes que tenho, e tive, na educação das miúdas.

Segundo ele:

- os pais de hoje são demasiado obcecados em dar um mundo perfeito aos seus filhos;
- as crianças precisam de espaço e liberdade para falharem os seus objectivos, tomarem más decisões e ficarem em segundo lugar (é assim que crescem e ficam mais fortes);
- os pais não devem tornar a infância num período de pressão, numa corrida até ao topo;
- a infância deveria ser uma altura de experimentação;
- os pais devem ajudar os filhos a desenvolver o seu potencial sem cair na fantasia de que eles serão o próximo Cristiano Ronaldo, Fernando Pessoa ou Amália;
- crianças que crescem sob pressão são, por norma, menos criativas. Não sabem quem são - só quem os pais querem que elas sejam;
-as escolas enchem as crianças de lições académicas cada vez mais cedo. Os resultados dos testes tornam-se mais importantes que a própria aprendizagem;
- as crianças devem ser observadas, ouvidas e devemos ler os sinais que nos transmitem: se nunca fala numa actividade que frequenta, pode não estar assim tão empolgada - se adormece no carro ou tem olheiras, provavelmente está sobrecarregada - se é preciso discutir para a obrigar a ir, se calhar é tempo de parar.

Pois aconteceu isto com a minha filha B... recentemente. Começou a dizer que não queria participar mais nas provas de atletismo, pois ficava muito nervosa e isso não era bom. Depois começou a arranjar 1001 desculpas para faltar aos treinos. Um dia perguntou-me se era obrigada a ir ou se era só porque o pai queria que ela fosse. Aí, fiquei a pensar que algo estava errado (a B... teve uma úlcera no duodeno aos 6 anos, provocada por uma bactéria no sangue, e na altura o médico avisou-nos para termos muito cuidado com o stress - não era bom para ela). Ela sofre de enchaqueca na época de maior pressão na escola e só passa depois de vomitar e dormir.
Falei com o L... e fiz-lhe ver que se calhar devíamos parar de falar no atletismo e nos treinos e ver como ela reagia. Durante 2 semanas não falou mais na actividade. Entretanto li esta entrevista e mostrei-a ao meu marido e decidimos falar com ela. Disse que não queria ir mais, pois era uma coisa que não fazia com prazer.
De facto, eu achava que ela andava muito cansada (além das aulas de 9º ano, tem o Inglês e as aulas de pintura) e perguntei-lhe se as outras actividades também a aborreciam. Respondeu-me logo que não, que as outras actividades eram feitas por prazer.
Fiquei mais descansada e..... penso que ela é que terá de descobrir gradualmente a sua "vocação", sem sermos nós a decidir por ela.

3 comentários:

  1. ele deve ter tido os mesmos sonhos que eu e deve ter lido os mesmos livros que eu li
    . Sabs muito bem a minha opiniao sobe este assunto. muitas vezes é pela vaidade dos pais que as crianças frequentam determindss actividades e tb porque t~EM DE RENDER MUITO DINHEIRO PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS PAIS.

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  2. esta coisa cresceu sem eu querer. sorry

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  3. Este "slogan" slow, parece-me bem.Até porque a sociedade actual é uma correria que começa a ser imposta logo na 1ª infância.
    Uma actividade desportiva desde que não haja contra-indicações médicas é bom.
    Agora preencher o horário das crianças com "milhentas" de actividades, onde é que ficam os tempos livres ?!...kkk
    Estamos sempre a tempo de aprender e modificar...
    bjocas

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